"você acredita em médico?! não! vai por mim, põe uma roupa bem bonita, entorna uns gorós de cachaça e vai lá se vingar dessa pessoa sim. agora!"

terça-feira, 27 de julho de 2010

3:08 (sertão)


É certo que não se deve dizer a escrita, que ela - autônoma e outra – entidade sem identidade fixa,  nasce, não do momento forçosamente espontâneo (o paradoxo que abriga dois seres incongruentes), mas do impuro e complexo impulso criador humano. Dito isto, criatura esta agora não imprimo, portanto não blasfemo, estou alerta. Somente coloco-me nesse instante vazio de acontecimentos, onde a mente o nada lê, e rejeita. Onde, na absurda brancura dos segundos, resolve escrever o que vê.

O que vê? Imagem alguma.

Insuportável!

Mas uma sobrevida vagueia solta pelo quarto, trata-se do besouro de asa atrofiada e vôo rasante; astuta, ela resgata o imperfeito de sua memória:

Soubesse eu desenhar, não estaria nesse pedaço de madrugada rabiscando letras sem sentido. Tivesse eu aprendido ponto e cruz, começaria agora uma bela colcha. Houvesse você insistido, esse pedaço de tempo seria cheio e barulhento.

Apresentasse  hoje o “não” de amanhã e eu adormeceria.