"você acredita em médico?! não! vai por mim, põe uma roupa bem bonita, entorna uns gorós de cachaça e vai lá se vingar dessa pessoa sim. agora!"

O Tempo da Estrela

  1. Os Sobreviventes - C.F.A.  
  1. "Pudesse eu ser mais prudente! Pudesse eu ser prudente por natureza, como a minha serpente. Mas estou pedindo o impossível; assim, peço à minha altivez que acompanhe sempre a minha prudência. E se, algum dia, a minha prudência me abandonar - ah, como gosta de bater asas!, - possa a minha altivez, então, voar ainda em companhia da minha loucura!" F.N
  1. "Só no ato do amor - pela límpida abstração de estrela do que se sente - capta-se a incógnita do instante que é duramente cristalina e vibrante no ar e a vida é esse instante incontável, maior que o acontecimento em si : no amor o instante de impessoal jóia refulge no ar, glória estranha de corpo, matéria sensibilizada pelo arrepio dos instantes - e o que se sente é ao mesmo tempo que imaterial tal objetivo que acontece como fora do corpo, faiscante no alto, alegria, alegria é materia de tempo e é por excelência o instante." C.L

  1. "Muito cedo na minha vida ficou tarde demais. Quando eu tinha dezoito anos já era tarde demais. Entre dezoito e vinte e cinco anos meu rosto tomou uma direção imprevista. Aos dezoito anos envelheci. Não sei se é assim com todos,  nunca perguntei. Creio que alguém já me falou dessa investida do tempo que nos acomete ás vezes na primeira juventude, no anos mais festejados da vida. Esse envelhecimento foi brutal. Eu o vi apossar-se dos meus traços um a um, alterar a relação que havia entre eles, aumentando o tamanho dos olhos, fazendo mais triste o olhar, mais definida a boca, marcando a testa com rugas profundas. Não tive medo e observei o envelhecimento do meu rosto com interesse que teria dedicado a uma leitura. Sabia também que não estava enganada, que um dia ele ficaria lento, tomando seu curso normal. As pessoas que me haviam conhecido à época  de minha viagem à França, quando eu tinha dezessete anos, ficaram impressionadas quando me reviram dois anos mais tarde, com dezenove. Aquele rosto, novo, eu  conservei. Foi  o meu rosto. Envelheceu também, é claro, mas relativamente menos do que devia. Tenho um rosto lacerado por rugas secas e profundas, sulcos na pele. Não é um rosto desfeito, como acontece com  pessoas de traços delicados, o contorno é o mesmo mas a matéria foi destruída. Tenho um rosto destruído."  Marguetire Duras.
  1. "A vida oblíqua? Bem sei que há um desencontro leve entre as coisas, elas quase se chocam, há desencontro entre os seres que se perdem uns aos outros entre palavras que quase  não dizem mais nada. Mas quase nos entendemos nesse leve desencontro, nesse quase que é a única forma de suportar a vida em cheio, pois um encontro brusco face a face com ela  nos assustaria, espaventaria os seus delicados fios de teia de aranha. Nós somos de soslaio para não comprometer o que pressentimos de infinitamente outro nessa vida de que te falo...E eu vivo de lado - lugar onde a luz central não me cresta. E falo bem baixo para que os ouvidos sejam obrigados a ficar atentos e a me ouvir." C.L